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20 anos da lei 7/99

2019/01/31

O salão nobre da câmara de Miranda do Douro recebeu diversos oradores para assinalar a data e fazer do balanço destes anos.


Numa altura em que o município de Miranda do Douro avançou com a assinatura de um protocolo com a Associação de Língua Mirandesa para cumprir os 35 princípios da Carta Europeia das Línguas Minoritárias, o principal impulsionador do processo de reconhecimento oficial dos Direitos Linguísticos da Comunidade Mirandesa, Júlio Meirinhos, entende que a lei que há 20 anos reconheceu e promoveu a língua mirandesa foi o inverter de um ciclo. “Nuclear e fundamental que a lei tivesse aparecido. Invertemos o ciclo. Estávamos em morte lenta e com isto conseguimos reavivar, dar ânimo, esperança, pôr gente empenhada nesta mesma causa, escrever, falar, deixar que seja o 'tchaco' da língua mirandesa e foi positivo. Agora temos fases e segue-se o reconhecimento já a outro nível, a nível europeu, para com os requisitos do reconhecimento darem a garantia absoluta de que não há retrocesso nunca mais nesta língua”.

Pretende-se agora reforçar o papel do mirandês como língua minoritária. Para o presidente da câmara, Artur Nunes, será uma forma de haver cada vez mais gente a falar o dialecto. “As línguas minoritárias, como é o caso do mirandês, têm estes altos e baixos e eu espero que tenhamos um crescimento cada vez maior de linguistas à procura da língua. A questão institucional, que tem a ver com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, porque são eles que fazem essa proposta ao conselho de ministros e depois ir à assembleia para poder ractificar a carta, e, a partir daí, ter o conforto para termos mais gente a falar mirandês e ter a língua protegida”.

O documento pretende ajudar ainda a certificar os professores de língua mirandesa para leccionar a disciplina. O primeiro docente da língua, Domingos Raposo, explica quais têm sido os principais constrangimentos apesar do ensino estar a dar frutos. “Não há manuais, cada professor tem que construir os seus próprios manuais. Há outro constrangimento, nós professores temos que fazer um projecto no início do ano que tem que ter a aprovação do ministério e essa aprovação vem quase todos os anos fora de prazo. A nível de planificações, cada professor faz as suas, vamos ter que gerir isso melhor. De resto, as coisas têm funcionado e vão funcionar com muito trabalho e muita dedicação”.

Carlos Ferreira, da Associação da Língua Mirandesa, frisa a relíquia que a língua representa. “O mais importante é ter a população envolvida, ter gente que tenha proa do mirandês porque se tivermos proa é como ter uma relíquia em casa. Eu tenho dois filhos e os dois falam mirandês. A juventude que tiver orgulho na sua terra tem que contar as coisas da sua terra e das coisas mais importantes que há nas terras de Miranda é a língua”.

Outro dos marcos na história do mirandês foi a elaboração da Conversão Ortográfica da Língua Mirandesa, que começou em 1993 e ficou concluído em 2000. O mirândes foi sendo transmitido por via oral a partir do latim popular e como uma ramificação do asturo-leonês.

Escrito por Brigantia

Jornalista:
Carina Alves