Até meados do séc. XVI, a dimensão da Arquidiocese de Braga não permitia ao pastor apostólico visitar regularmente o seu rebanho transmontano, muito afastado. Por isso, o Papa Paulo III, a pedido do rei D. João III, fundou em 1545 a nova diocese de Miranda. A Igreja de Santa Maria, dos finais do séc. XIII, dava assim o lugar (e a pedra) à nova Sé, cujo projeto foi elaborado pelo arquiteto Gonçalo de Torralva, muito bem aconselhado pelo próprio Rei, que, como monarca do Renascimento, era um diletante da arquitetura. A primeira pedra foi colocada no dia 24 de Maio de 1552 mas o lajeado do pátio só ficou pronto em 1620 ou 1621. A capela-mor é de meados do séc. XVIII. Templo majestoso, de três naves e transepto, foi a Sé que trouxe o Renascimento para Miranda, muito embora as abóbadas de cruzaria sejam ainda subsidiárias do gótico medieval. O retábulo de S. Bento (séc. XVI), o do altar-mor, um dos mais imponentes conjuntos esculturais maneiristas do séc. XVII, da escola de Gregório Hernandez, de Valladolid, e o Menino Jesus da Cartolinha (séc. XVIII) fazem parte do recheio da catedral. Mas, numa cidade exígua, ainda tão esmagada pela cerca medieval, a antiga Sé aparece-nos, de repente, como um edifício/monumento, uma escultura imponente, cujos efeitos de surpresa e espetacularidade são os elementos essenciais.