Raças autóctones
O concelho de Miranda do Douro carateriza-se por ser eminentemente rural, oferecendo um leque de produtos onde a pecuária se destaca no seio das explorações agrícolas. Uma parte do concelho está ligado à vinha e à olivicultura, notando se a recente aposta na floresta.
No seio do mundo rural, os produtos que melhor diferenciam o nosso concelho são as várias raças autóctones que aqui têm a sua forte presença. Existem condições especiais, por vezes difíceis de manter para que estas persistam ao longo dos tempos, como por exemplo: a composição florística, o sistema de exploração praticado, o aproveitamento de restolhos, forragens pobres e a existência de pastagens naturais também chamados de “ lameiros”.
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Raça Bovina Mirandesa
O antepassado seria o Bos Taurus Primigénius, opinião que não é partilhada por Lima Pereira (1976) segundo o qual, esta raça de núcleo de origem fortemente heterogénea e que ainda hoje se pode ver devido à sua diversidade feno-genotípica resultaria de um cruzamento do tronco Bos Taurus Bragycerus com o tronco Bos Taurus Primigénius. Do ano 1955 até1972, verificou-se uma forte expansão da raça, aumentando o solar para Vimioso, Mogadouro, Bragança, Vinhais e Macedo. Esta expansão e consequente aumento do número de cruzamentos deu origem às raças Marinhoa e Maronesa. Em 1870 os Bovinos Mirandeses ocupam a maior parte do Alto Alentejo pela sua capacidade de trabalho e pela sua carne, expandindo-se posteriormente por todo o Alentejo apesar dos seus sucessivos cruzamentos da raça eliminando a pouco e pouco a raça pura, diminuindo assim os seus efetivos. O motivo da sua expansão pelo Alentejo seria a falta de alimento, já que a raça existente no Alentejo seria mais exigente do que a raça Mirandesa.
Desde 1865, realizam-se concursos pecuários de raça, que passaram a ser apoiados pelo governo com base no decreto-lei nº119 de 26 de maio. Em 1959, a portaria nº 17132 de 22 de abril instituiu o livro Genealógico dos bovinos da raça Mirandesa em conformidade com o decreto nº 41109 de 14 de maio de 1957 que regulamenta os serviços de reprodução animal, o registo genealógico e os seus contrastes.
Em 1989 criou-se a Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa que assumiu, a partir de 1993, todas as responsabilidades de gestão do livro genealógico e do melhoramento da raça. Em 1994, foi atribuída a Denominação de Orígem Protegida (DOP) à “Carne Mirandesa”, produzida nos concelhos de Bragança, Vinhais, Macedo de Cavaleiros, Vimioso, Mogadouro e Miranda do Douro.
Classificação e caracterização da raça
É classificada como raça Braquicéfala, Eumétrica, de perfil reto ou como Concava.
As características da raça Mirandesa são:Na cabeça, uma nuca larga, levantada e proeminente;
Poupa notavelmente espessa e comprida, recobrindo a base dos paus e sempre de cor ruiva;
Chifres brancos com extremos afuscados, delgados de pequena envergadura, acabanados e de pontas reviradas para cima e para fora, ficando estas em nível pouco superior ao topete;
Orelhas revestidas no interior com compridos e abundantes pelos ruivos;
Cabeça de olhos abaixo, breve, larga e seca;
Cana do nariz direita e focinho muito curto, negro e posteriormente marginado por uma larga orla de pelos sempre brancos;
Pescoço curto, grosso, com barbela que se insere logo sobre o beiço inferior e vem até aos joelhos;
O lombo é redondo, a cernelha baixa, o espinhaço direito com risca ruiva ou esbranquiçada;
Garupa abalada, cauda levantada ,curta e bem fornecida;
O sistema mamaria está bem inserido e desenvolvido, com tetos bem implantados de dimensão
Membros curtos e delgados abaixo do joelho e curvilhão;
Os posteriores direitos e os anteriores com joelhos desviados para dentro, coxa convexa;
Cor castanha retinta no touro e castanha mais ou menos escuro com tendência centrífuga dos aglomerados pigmentados, nos bois e vacas;
São animais harmoniosos, com temperamento vivo mas dócil;
Tamanho grande e formato compacto, do tipo respiratório (predomínio do perímetro torácico em detrimento do perímetro abdominal).
O Concurso Nacional de Bovinos da Raça Mirandesa, realiza-se anualmente em Miranda do Douro a 24 de junho.
Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa
Posto Zootécnico de Malhadas
5210-150 MALHADAS
e-mail: mirandesa@mail.telepac.pt
Tel. 273 438120
Fax. 273 438121 -
Raça Churra Galega Mirandesa
Remeter-nos à origem da raça é fazer uma longa viagem ao passado, uma vez que as referências aos ovinos do Planalto Mirandês datam de muitos séculos, comprovado nos forais de Miranda (1686 – 1510). O seu nome detendo o tronco comum de outras raças, as churras, possuem relações filogénicas com Ovis aries studery, seriam pois conhecidos por ovinos churros do tipo Galego Mirandês.
Os ovinos da raça Churra Galega Mirandesa são explorados num sistema tipicamente extensivo, caraterizado por uma baixa concentração de animais por unidade de área, mantendo a rusticidade que lhe é caraterística, bem adaptados para percorrer as íngremes arribas cobertas de azinheiras, carvalhos, estevas e giestas, os lameiros elegantemente delineados por freixos, ou as pastagens vocacionadas para ferrãs ou dando uma última utilização, o restolho. São ainda direcionados para a sua alimentação todo o excedente das hortas, tais como nabiças, abóboras, grelos, etc. Todos estes fatores aliados às singularidades edafoclimáticas do Planalto Mirandês e o crescimento lento dos cordeiros proporcionam um produto de excelência com caraterísticas organolépticas únicas.
O sistema de produção dominante é vocacionado para a produção de cordeiro que é vendido consoante a categoria da carcaça, categorizada pela idade e o peso vivo, respeitando o caderno de especificações do produto DOP – “ Cordeiro Mirandês / Canhono Mirandês”, reconhecido pelo Regulamento de Execução EU N.º 1034/2012 da Comissão de 26 de Outubro de 2012. Contudo também produzem a lã churra mirandesa com caraterísticas excecionais das quais advém o Burel, intimamente ligado ao artesanato mirandês como seja a Capa de Honras Mirandesa (Património Cultural Imaterial da UNESCO).
• Estes ovinos caracterizam-se por serem animais de pequeno porte e de reduzida corpulência, tendo um velo extenso, relativamente pesado e lã de apreciável qualidade, dentro do tipo churro.
• Cabeça comprida, afilada e desprovida de lã. As fêmeas não apresentam cornos, mas são frequentes nos machos, com forma espiralada e secção triangular. Os olhos são circundados por manchas pigmentadas de castanho-escuro ou preto nos indivíduos brancos, os exemplares pretos apenas possuem uma ligeira mancha branca no topo da cabeça podendo ser inexistente e na ponta da cauda.
• Pescoço de comprimento médio mas pouco largo. Coberto de lã em toda a sua superfície. Tronco pouco volumoso e estreito, com costelas pouco arqueadas. Garrote pouco saliente e espáduas achatadas. A garupa é curta e um pouco descaída.
• O velo é extenso e relativamente pesado, constituído por madeixas compridas e pontiagudas.
• Membros curtos deslanados mas fortes, frequentemente pigmentados assim como as unhas, que são rijas e de tamanho médio. Úbere globoso, com tetos bem implantados.
Anualmente realiza-se o Concurso Nacional de Ovinos da Raça Churra Galega Mirandesa na freguesia de Malhadas, sendo este um evento que pretende promover, valorizar e premiar os produtores que se dedicam à conservação e melhoramento genético da raça quer na componente morfológica quer na qualidade da lã dos animais presentes a concurso.
Contactos ACOM:
Posto Zootécnico de Malhadas – Centro de Formação
5210-150 Malhadas
Telefone: 273 417 066
Página web: www.ovinosmirandeses.pt
Email geral: geral@ovinosmirandeses.pt
Fonte: ACOM – Associação Nacional Criadores de Ovinos da Raça Churra Galega Mirandesa
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Raça Asinina Mirandesa
Classificação e caracterização da raça
Animal bem conformado, com manifesta acromegalia, corpulento e rústico.
Altura média, medida com hipómetro ao garrote, nos animais adultos: > 1,20 m. (a altura recomendável é 1,35 m.).
Pelagem castanha escura, com gradações mais claras nos costados e face inferior do tronco;
Branca no focinho e contorno dos olhos;
Hirsutismo acentuado com pelo abundante, comprido e grosso, aumentando em extensão e abundância nos costados, face, entre-ganachas, bordos das orelhas e extremidades dos membros;
Crinas abundantes;
Ausência de sinais.
Temperamento dócil;
Cabeça volumosa e ganachuda de perfil reto;
Fronte larga e levemente côncava na linha mediana, coberta de abundante pelo (chegando a formar-se sobre a fronte uma espécie de “franja”);
Arcadas orbitárias muito salientes; face curta de chanfro largo;
Canal entre-ganachas largo; lábios grossos e fortes;
Orelhas grandes e largas na base, revestidas no seu bordo interior de abundante pilosidade, arredondadas na ponta (formando uma espécie de borla) e dirigidas para a frente;
Olhos pequenos, dando ao animal uma fisionomia sombria.
Pescoço curto e grosso. Garrote baixo e pouco destacado. Dorso tendendo para a horizontalidade, curto e bem musculado;
Peitoral amplo com quilha saliente.
Tórax profundo.
Costado encurvado.
Garupa em ogiva mais elevada que o garrote, pouco destacada;
Espáduas curtas e bem desenvolvidas, com ligeira inclinação;
Ventre volumoso. Membros grossos de articulações volumosas, providos de pelo abundante cobrindo os cascos, machinhos bem desenvolvidos;
Membros posteriores com tendência a serem estendidos e um pouco canejos;
Cascos amplos. Andamentos de grande amplitude mas lentos, pouco ágeis.
Esta espécie é frequentemente utilizada pelas suas aptidões de tração, sela e carga a dorso (por vezes emparelhados com muares), para produção mulateira, assim como para a lavoura tradicional de minifúndio (pastoreio, cultura de cereais).
Características genéticas
Às características de excepcional rusticidade, sobriedade, longevidade e polivalência que caracterizam os asininos, a raça asinina de Miranda acrescentam força e docilidade.
Bem adaptada às condições edafo-climáticas de uma região desfavorecida, possui elevada capacidade para valorizar forragens pobres e grande resistência à escassez hídrica. Estas raças encontram-se perfeitamente integradas na “Terra Fria de Planalto”, região de agricultura de sequeiro com grande amplitude térmica anual e baixa pluviosidade (cerca de 600 mm).Produtos específicos da raça
Além dos serviços prestados às explorações agrícolas de minifúndio, a raça tem sido ainda explorada como potencial turístico, como forma de terapia para certas disfunções (asinoterapia), no apoio ao desenvolvimento rural, contribuindo para a fixação e melhoria sócio-económica das populações através da dinamização de atividades lúdicas, recreativas e culturais, nomeadamente no âmbito do Turismo Rural.
Aos Burros estão associados inúmeros saberes do povo do Nordeste. Serão eles a nossa via de aproximação diária a estes guardiães de tradições e conhecimentos que se continuam a perder a cada dia que passa.
AEPGA - Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino
Largo da Igreja
5225 - 011 AtenorTelemóvel: 966151131 (Miguel Nóvoa) / 960050722 (Joana Conceição)
Telefone: 273739307Correio Eletrónico: burranco@gmail.com
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Cão de Gado Transmontano
Origem da raça
Em épocas remotas, este cão fixou-se nas regiões altas de Portugal, nomeadamente em Trás-os- Montes, região montanhosa, que se caracteriza por campos íngremes de pastos e de difícil acesso rodoviário, esta raça adaptou-se às condições da região e ao tipo de gado ovino e caprino, evoluindo, até se fixar morfologicamente, em perfeita simbiose com as condições e o tipo de trabalho que lhe foi solicitado, como companheiro do pastor com funções especificas de guarda contra o ataque do lobo aos rebanhos.
Ao contrário do que muita gente pensa, ainda hoje na nossa região subsistem ataques do lobo aos rebanhos de ovelhas, pois é um dos poucos locais do País onde, este pode correr livremente, desempenhando estes cães, tal como há milénios atrás, um papel importante na defesa dos rebanhos.
Referimo-nos pois a uma raça autóctone que se encontra espalhada por todo o nordeste transmontano, desempenhando ainda hoje a função de guarda dos rebanhos contra os ataques dos predadores, o Cão de Gado Transmontano.
A origem desta raça une-se à história de todos os mastins ibéricos e a sua evolução está ligada à rota da transumância na Península, portanto, a sua origem é muito semelhante à das outras raças de cães de defesa de rebanhos (Cão da Serra da Estrela e o Rafeiro do Alentejo), no entanto, devido à particular situação do meio onde se insere, é o único que continua a desempenhar primordialmente a tarefa que inicialmente esteve na sua origem, a defesa dos rebanhos contra os lobos.
O Cão de Gado Transmontano representa, assim, um pouco da história viva de Trás- os- Montes.
Características da raça
Cão Molóssoide, de grande corpulência (os machos podem atingir os 84 cm ao garrote e as fêmeas os 76 cm), de corpo quadrado, que se evidencia pelo seu aspeto imponente, porte altivo e olhar sóbrio.
Cabeça forte e volumosa, com o focinho ligeiramente mais curto que o crânio, orelhas carnudas de tamanho médio-grande e pendentes, os olhos amendoados cor de mel ou mais escuros são pequenos e posicionados obliquamente, por sua vez, as narinas são negras e bem abertas
A linha ventral caracteriza-se por um peito profundo, mas sem ultrapassar o codilho, elevando-se de forma gradual, do extremo às virilhas, sendo o ventre ligeiramente arregaçado, e a cauda grossa.
Apresenta uma pelagem grossa e abundante, geralmente de cor branca com malhas de cor preta, amarela, lobeira ou fulva, raiada ou incolor.
A sua altura varia entre os 66 a 84 cm.
Associação de Criadores Do cão de Gado Transmontano
Casa da Vila - Dentro da Vila
5320-272 Vinhais
Mais info: cão de Gado Transmontano