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Procuram-se produtores de Raça Churra Galega Mirandesa

18 Março 2014

18-03-2014| Rádio Renacença
A Raça Churra Galega Mirandesa, com certificação de Denominação de Origem Protegida, continua em risco de extinção. Para proteger a espécie, confinada aos concelhos de Miranda do Douro e Vimioso, a aposta passa por alargar a produção de ovinos a outros concelhos, motivar os mais jovens para a pastorícia e dinamizar a comercialização.
A Associação Nacional de Criadores de Ovinos de Raça Churra Galega Mirandesa (ACRCGM) está preocupada com a diminuição do número de produtores daquela raça e alerta para a necessidade de estender a produção a outros concelhos do Nordeste Transmontano, de modo a proteger a espécie, reconhecida em 2012 pela Comissão Europeia como Denominação de Origem Protegida (DOP).
“Desde 2009 temos assistido a uma diminuição do número de produtores – embora o número de animais de raça pura se tenha mantido – devido a vários factores como a idade elevada dos agricultores e o abandono das áreas rurais”, explica à Renascença a secretária técnica da ACRCGM, Pamela Raposo.
A raça, que se caracteriza pela sua elevada rusticidade e de pequeno porte, concentra-se nos concelhos de Miranda do Douro e Vimioso, onde actualmente existem 6.500 fêmeas reprodutoras e 176 machos reprodutores, distribuídos por 57 criadores.
Para potenciar o valor económico da raça autóctene, com características de grande adaptabilidade à região e impedir a sua extinção, a ACRCGM quer “incentivar os concelhos vizinhos e atrair os jovens à actividade”, defendendo que “a criação de animais de raça Churra Galega Mirandesa poderá ser uma boa opção de vida”.
Pamela Raposo lembra ainda que os jovens de hoje já não vêem a pastorícia como “aquela vida penosa, de acordar às quatro/cinco da manhã para acompanhar os animais”, mas conhecem outras formas de desenvolver a actividade “com recursos às tecnologias” e, por isso, esta actividade “deve ser vista como uma oportunidade de negócio”.
Por cada fêmea adulta, há ajudas comunitárias que rondam os 45 euros, valor atribuído aos curadores por estarem a ajudar a conservar uma raça autóctone que está ameaçada de extinção. Para receberem as ajudas comunitárias “os agricultores têm que cumprir com as normas do Livro Genealógico, estipuladas pela Direcção Geral de Alimentação e Veterinária”.
Apostar na comercialização Para produzir uma carne de “qualidade superior”, é necessário “ter em consideração diversos factores como alimentação e o melhoramento animal”, o que, para a secretária técnica da ACRCGM, “justifica a presença permanente de técnicos no terreno para ajudar os produtores na “preservação da raça – um património cultural e natural, a conservar dentro do seu Solar”.
No último ano foram escoadas mil carcaças de carne de cordeiro mirandês certificado.
“É um número relativamente pequeno, poderão pensar alguns, mas perante o efectivo total de que dispomos, começa a ser um trabalho que tem de ser aproveitado”, refere Pamela Raposo, salientando que “os nossos criadores sabem produzir bem, mas não sabem comercializar”.
“É preciso dar passos em frente e comercializar o cordeiro mirandês em grande escala, para que os jovens agricultores se possam fixar à terra e ter condições para continuar a manutenção da raça autóctone”, realça a secretária técnica da ACRCGM, defendendo incentivos à restauração para que esta possa incrementar o consumo na região.
Para conseguir entrar no circuito comercial, foi estabelecida uma parceria com a Cooperativa Agropecuária Mirandesa, com sede em Vimioso, que dispõe de uma unidade industrial onde é possível fazer a desmancha, embalamento e conservação das carcaças para, assim, a carne poder entrar no mercado nacional e internacional.
A comercialização da carne dos cordeiros provenientes de ovelhas de Raça Churra Mirandesa está a cargo da Cooperativa de Ovinos Mirandeses (Churracoop).
O “cordeiro (canhono) mirandês”, de raça Churra Galega Mirandesa divide-se em três categorias, consoante a idade e o peso, pesando as carcaças entre quatro e sete quilos na categoria A (30 dias de idade), entre 7,1 e 10 na B (60 dias) e de 10,1 a 12 na C (120 dias).