Miranda vai acolher colóquio internacional de línguas minoritárias ibéricas
Um dos objectivos do colóquio internacional, que deve acontecer ainda este ano, é discutir a democracia das línguas, como frisa o presidente da Associação de Língua e Cultura Mirandesa, Carlos Ferreira. “É um evento que vai mobilizar um conjunto muito variado de universidades, de domínios linguísticos da Península Ibérica quer o Português, quer o Mirandês, obviamente, mas teremos mais, como o asturiano, que faz parte dessas línguas minoritárias, mas onde estará o galego, o catalão, o basco, o aranês. Queríamos dizer, através desta conferência ibérica de línguas minoritárias, que Miranda e o mirandês estão numa dialética de abraçar estas problemáticas ligadas à democracia das línguas”, frisa.
A data ainda não está definida até porque ficará dependente da ratificação, pelo estado português, da Carta Europeia das Línguas Minoritárias. O autarca de Miranda, Artur Nunes, adianta que as conversações com os ministérios da cultura, educação e negócios estrangeiros, acerca desta matéria, já estão muito avançadas. “Está programada até ao final do ano sair este congresso, até porque está pendente a questão da carta europeia das línguas minoritárias. O trabalho está concluído a este nível, falta um segundo “round” de conversações com as diferentes instituições e esperemos que em breve teremos algumas conclusões sobre esta matéria. Isso joga também com o congresso, com a data e a possibilidade de envolver estas línguas minoritárias esta discussão conjunta sobre o papel destas línguas no desenvolvimento na própria linguística e no conceito de defesa, promoção, escrita e trocas de investigação”, esclarece.
Ainda nas jornadas foi apresentada a revista “Studos”, que disponibiliza textos académicos inéditos, mas também alguns considerados clássicos da língua mirandesa, como explica Alfredo Cameirão, vice-presidente da associação língua e cultura mirandesa. “Isto é um veículo que a associação de língua e cultura mirandesa tem para fazer um registo dos estudos que se vão fazendo e que existem sobre a língua e a cultura mirandesa, para as pessoas que se propõem a fazer esses estudos e que têm feito muito trabalho nessa área. Há um registo de dois textos do Amadeu Ferreira que nós pensamos que são dois textos que já são clássicos da língua mirandesa. Por um lado o manifesto em forma de hino e um outro texto que é uma espécie de o mínimo que devemos saber a língua mirandesa. De realçar também que há bastantes textos escritos pelos nossos “hermanos” das Astúrias, que falam sobre a mesma língua e, ao fim e ao cabo, sobre a mesma cultura sobre este grande espaço astro que é a nossa terra”, refere.
As segundas jornadas da língua e cultura mirandesa homenagearam Amadeu Ferreira, investigador e defensor da língua mirandesa recentemente falecido, e tiveram como tema central a conexão com as Astúrias. O encontro anual de trabalho e discussão da “lhéngua” contou com a apresentação de vários estudos, à volta desta temática. Escrito por Brigantia.