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Mais de 100 capas de honra desfilaram em Miranda

09 Abril 2015

27-03-2015| JORNAL NORDESTE

Município organizou a primeira cerimónia de exaltação da capa de honra, um traje usado em dias de festa
A capa de honra reuniu, no passado sábado, mirandeses e espanhóis da província de Zamora, na cidade em Miranda do Douro. Este traje típico desta zona raiana foi em tempos o abrigo dos pastores, hoje é utilizada em cerimónias e dias de festa e pelas famílias com mais recursos financeiros. O valor da capa oscila entre os 500 e os 800 euros e vai passando de geração em geração.
Para preservar esta tradição, o Município de Miranda do Douro organizou a primeira cerimónia de exaltação da capa de honra. O autarca, Artur Nunes, confessa que o objectivo é manter esta união entre mirandeses e espanhóis em torno da capa de honra.
“Um ano que se faça do lado português, no outro ano que se faça do lado espanhol. No fundo é que as pessoas valorizem aquilo que temos, há muita gente que ainda tem estas capas metidas nos baús, que as mostrem e que as ponham como honra da família, como honra mirandesa. E aquilo que queremos efectivamente é dar este passo em frente na valorização da capa, do traje mirandês e de todos os produtos associados a este tecido que é o burel”, enaltece o edil.
Esta peça de vestuário é também vista como um elo de ligação entre mirandeses e o povo de Aliste, na vizinha Espanha, onde esta capa também é um traje tradicional.
“A capa parda é o símbolo de que Miranda e Zamora somos um povo irmão. Somos o mesmo povo, que a política dividiu. Esta capa pode-nos unir, sobretudo na área cultural”, realça o presidente da Associação para a Promoção e Estudo da Capa Alistana, Ricardo Flecha.
Nesta cerimónia foram homenageados os três artesãos do concelho de Miranda do Douro que confeccionam capas de honra, nomeadamente Susana de Castro, Aureliano Rodrigues e Palmira Falcão.
“Faço capas há mais de 60 anos. Ultimamente tem tido bastante procura. É uma peça de artesanato das mais belas do País e, portanto, ainda se confeccionam algumas. Vendo para Espanha e para Portugal”, remata Aureliano Rodrigues.