Passar para o Conteúdo Principal
Siga-nos

Concelhos como Bragança, Vinhais, Mogadouro e Miranda do Douro, seguidos de perto por Vimioso e Macedo de Cavaleiros, têm registado perdas acentuadas no número de efectivo nos últimos 30 anos.

20 Abril 2016
A produção de gado bovino, que já teve uma forte presença no distrito de Bragança, tem vindo a diminuir.

Concelhos como Bragança, Vinhais, Mogadouro e Miranda do Douro, seguidos de perto por Vimioso e Macedo de Cavaleiros, têm registado perdas acentuadas no número de efectivo nos últimos 30 anos.

De acordo com dados avançados esta semana pelo Jornal Nordeste, há concelhos que já perderam quase metade do efectivo, comparando com o ano de 1989. Analisando os números do Instituto Nacional de Estatística e Direcção Geral de Agricultura e Veterinária, consegue perceber-se que na maioria dos concelhos que mais exploraram o potencial desta área produtiva, desde 1989 o decréscimo tem sido contínuo. Em Bragança, desde esse ano, o efectivo decresceu de 9 mil cabeças para pouco mais de 4300 existentes hoje em dia. Em Vinhais, há menos 2 mil bovinos nos últimos 25 anos e em Vimioso de 3000 que havia em 1989, restam agora cerca de 2000 cabeças de gado bovino. Tanto no concelho de Vimioso como no de Miranda do Douro, desapareceram nos últimos anos mais de 1000 cabeças desse tipo de gado, nos últimos 25 anos. Mogadouro consegue ser uma excepção, mas apenas durante a década de 90, registando nesta época um grande crescimento, altura em que o potencial do gado bovino no planalto mirandês se afigurava como sólido. Um cenário bastante afastado da realidade actual, em que o sector leiteiro atravessa uma grande crise e obriga a maioria dos agricultores a mudar as características da exploração ou para bovinos de produção de carne ou para pequenos ruminantes ou abandonando em definitivo a produção. Actualmente, no concelho de Mogadouro existem cerca de 5700 bovinos mas já chegara a ser quase 10 mil nos anos 90. O cenário de dificuldade parece vir a ser agravado nos últimos tempos, não só com o declínio neste sector do leite como com a diminuição de venda de carne que afecta já muitos produtores da região que podem esperar semanas ou mesmo meses para vender a as crias de bovino para os talhos. David Pires, de Gondesende, ainda mantém a explorações, mas já com menos cabeças, sente cada vez mais dificuldades. “Antes tinha mais, agora cada vez dá menos, porque o custo de produção cada vez é maior e estamos a vender mais barato, ou praticamente ao preço que vendíamos há 30 anos. Agora pagam a 4,5€ o quilo, mas um saco de ração de 30 kg custa 12 euros e na altura vendíamos a 800 escudos o quilo e um saco de ração de 50 quilos custava 600 escudos, a diferença é muita a nível da ração dos adubos e dos combustíveis” e a acrescentar que a carne “não tem saído muito bem ultimamente”, compara. Já Tiago Dinis, de Espinhosela, O jovem de 25 anos aposta agora nesta área, um pouco em contraciclo, quando quase todas as explorações da aldeia desapareceram. Mas também tem tido dificuldades em vender a os vitelos. “Ultimamente, sentimos alguma dificuldade de vender os vitelos. Vamos vendendo, mas no talho tem pouca saída, não há quem compre carne”, refere Tiago. Tiago Metelo é responsável do Talho Braguinha, que surgiu há 9 anos em Bragança e nota uma particular quebra nas vendas de carne de bovino. E já encomenda menos aos produtores. Compra uma média de 2 a 3 novilhos por semana, no entanto, nos últimos tempos tem tido necessidade de reduzir. “O ano passado era mais fácil. Nunca havia menos do que esse número e quando havia mais procura, comprávamos mais”, frisa. As dificuldades de um sector em crise, com a redução do número de cabeças de gado bovino é um problema estrutural são o tema de uma reportagem alargada sobre o sector bovino que pode ler no Jornal Nordeste desta semana. Escrito por Brigantia.