Casa da Cultura Miranda do Douro vê registos inéditos sobre internacionalização dos Pauliteiros
02-04-2015| NOTÍCIAS AO MINUTO
A Casa da Cultura de Miranda do Douro exibe pela primeira vez registos da internacionalização dos Pauliteiros de Miranda, através de fotos, cartas, filmes e outros suportes, numa mostra patente até 31 de maio.
Em declarações à agência Lusa, o diretor do Centro de Música Tradicional “Sons da Terras”, Mário Correia, disse que a exposição permite ver “imagens inéditas” que maioritariamente pertenciam ao espólio de um dos maiores investigadores da cultura trasmontana, o padre António Maria Mourinho.
Esta “viagem no tempo” começa em 1898, quando os Pauliteiros de Constantim, concelho de Miranda do Douro, distrito de Bragança, foram convidados para os atos comemorativos do 4.º centenário da descoberta do caminho marítimo para Índia, que decorreram naquele ano em Lisboa.
Em 1936 há registo outra “viagem histórica” a Londres, desta vez efetuada pelos Pauliteiros de Cércio (Miranda do Douro), que atuaram para 10 mil pessoas, incluindo figuras da Casa Real inglesa.
Já em 1946, os Pauliteiros deslocam-se Madrid (Espanha). Dois anos mais tarde, há um registo de uma deslocação a Angola, onde atuaram e varias cidades daquele país africano.
A primeira deslocação à cidade do Porto aconteceu em 1947 e foi efetuada pelo grupo de Duas Igrejas e Cércio.
Outro dos “pontos altos” do percurso dos Pauliteiros de Miranda, que é espelhado na exposição, acontece em 1976 com uma deslocação aos Estados Unidos da América. E em 1983 os Pauliteiros dançaram em Macau, junto à gruta de Luís de Camões. Mais recentemente, foram ao Dubai e à Venezuela.
Os materiais relativos a estas deslocações, observou o investigador Mário Correia, “são documentos importantes para ser perceber como se processou a internacionalização dos Pauliteiros Miranda”.
Na exposição poderão ser vistos registos em filme de oito milímetros dos arquivos da BBC (imagens captadas em 1934) ou das televisões americanas (1976), podendo ainda ser apreciadas fotografias “únicas e raras”, bem como recortes de jornais de diversas épocas. Na mostra há também diversos registos em áudio.
Os materiais recolhidos são património do Centro de Estudos Padre António Maria Mourinho, do Centro de Música Tradicional “Sons da Terras” e da Associação de Língua e Cultura m Mirandesa.
Este trabalho de descoberta permitiu obter fotografias inéditas tiradas em Inglaterra a um dos maiores gaiteiros de sempre das Terras de Miranda, o Francisco Martins, de Cércio.
“Não havia em Portugal qualquer registo deste músico”, sublinhou Mário Correia.