Autarcas, empresários e utentes do IC5, que liga Miranda do Douro ao Alto do Pópulo em Vila Real, mostram-se desagradados com as falhas constantes no sinal das redes móveis de comunicações ao longo do traçado do itinerário.
Os utentes reclamam a intervenção do regulador das comunicações em Portugal (ANACOM) para que o problema seja e que sejam minimizados os impactos "em caso de acidente ou doença súbita", para quem circula no traçado.
Carlos Justo, um camionista que atravessa com regularidade o IC5, com destino ao litoral, contou à Lusa que o pior do itinerário são mesmo as quebras na rede móvel, “em que é preciso fazer uma série de remarcações para concluir uma conversa”.
Por seu lado, Zéfiro Martins, que a Lusa contactou num posto de combustível em Mogadouro, adiantou que tentou por diversas vezes, ao longo da viagem, vindo de Vila Real, contactar com a família, mas, só o consegui fazer em segurança, quando parou em Mogadouro para tomar café e abastecer a viatura.
O presidente da câmara de Mogadouro é outra das vozes do descontentamento e pede a intervenção urgente da ANACOM para uma resolução do problema.
"Trata-se de um itinerário vital para o nosso território. E de uma vez por todas as operadoras de redes móveis terão de instalar um serviço fiável, e ao mesmo tempo ANACOM terá de estar atenta ao desenrolar do processo", observou Francisco Guimarães.
O autarca de Mogadouro fala ainda nos problemas na zona de fronteira, onde é mais fácil captar as redes espanholas com custos acrescidos para os utilizadores em detrimentos das redes nacionais.
A Associação de Municípios do Douro Superior avançou que vai fazer "diligências" junto das entidades competentes para minimizar estas falhas nas comunicações móveis terrestres.
Por seu lado, o autarca de Miranda do Douro, Artur Nunes, refere os custos exorbitantes quando se procede à comunicação por dados através da internet móvel e as falhas constantes nas comunicações de voz.
"Há falhas notórias de rede móvel em todo o Planalto Mirandês e Douro Superior. Há muitas zonas 'sombra' onde não existe cobertura, o que se torna mais grave, em caso de doença súbita ou acidente", frisou.
O presidente da Associação Comercial de Miranda do Douro, César João, fala na necessidade de se rever o estado das redes móveis nos principais eixos viários da região do Planalto Mirandesa e Douro Superior para um melhor desempenho dos negócios das empresas.
Contactada pela Lusa, a ANACOM avançou que Relativamente às falhas de comunicações móveis no traçado do IC-5, que liga Miranda do Douro a Vila Real, há a considerar que o serviço telefónico móvel, envolvendo a prestação de serviços de voz e/ou de acesso à Internet em banda larga, não integra o serviço universal.
"Como tal, não existe a obrigação de cobertura da totalidade do território e da população, independentemente da sua localização geográfica", explicou em nota enviada.
Segundo o regulador, os operadores de rede móvel em atividade em Portugal - MEO, NOS e Vodafone - estão vinculados ao cumprimento das obrigações de cobertura constantes dos títulos dos direitos de utilização de frequências para serviços de comunicações eletrónicas terrestres "De acordo com as obrigações definidas, esse cumprimento é avaliado sobretudo numa base nacional e não numa base regional, sendo que, de acordo com estes títulos, os operadores não estão obrigados a garantir a cobertura total do território e da população nacional", concluiu.