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Adegas de Atenor mostraram tradições do planalto

13 Junho 2016
Para muitos, este fim-de-semana prolongado foi a altura certa para fazer  uma ronda pelas adegas de Atenor, no concelho de Miranda do Douro. Mas desengane-se quem pensa que esta iniciativa, que vai já na sexta edição, se faz só de bebidas alcoólicas. Há muito mais para ver nas adegas, “curraladas”, lagares e outras casas típicas de Atenor. 

A caneca de barro é a peça-chave da Ronda das Adegas. Com ela se entra em cada casa típica da aldeia, com o pretexto de provar o vinho ou licor que por aqui se faz, mas, isso é apenas um complemento da visita.

O certo é  que as tradições e objectos rurais tradicionais do planalto mirandês estão presentes em cada parede, em cada porta ou janela, em cada pedra das adegas ou “curraladas”.

Motivos que se complementam e que atraem cada vez mais visitantes, de várias localidades do país, ou até da vizinha Espanha.

Ao entrar numa das adegas encontramos um grupo de amigos que veio da Guarda, pela primeira vez, mas garantem, que não será a última. “É uma boa iniciativa, estamos a gostar muito e gostaríamos de voltar a repetir, talvez para o ano”, referiu à Brigantia Carla Carvalho.

E enquanto se esvaziava a caneca, houve tempo para assistir à recriação de tradições. Algumas delas foram recriadas pelas mãos de um grupo de mulheres, a maioria da aldeia de Duas Igrejas, que fizeram vassouros, rodelas e demonstraram as várias etapas do ciclo da lã. E não esqueceram de acompanhar estes trabalhos com as canções tradicionais mirandesas.

Esta aldeia tem apenas 95 habitantes durante o ano mas teria ainda menos se não fossem os empresários que se instalaram na localidade, nos últimos  15 anos, e que, além de pequenas empresas, criaram associações de promoção do património e das tradições locais.

Desde logo, estes habitantes de Atenor se juntaram à organização da Ronda das Adegas, impulsionada pela autarquia local, há seis anos.

Bárbara Fráguas veio do Porto para o planalto mirandês há 20 anos e há 15 que está em Atenor, onde tem empresas na área do turismo, fotografia e de sabonetes de leite de burra.

A empresária acredita que a complementaridade entre as ideias daqueles que vieram de fora e as tradições de Atenor é a chave do sucesso da Ronda das Adegas. “No fundo, acaba-se por trazer ideias e coisas novas, pelas pessoas que vieram de fora, mas é o trabalhar com as pessoas da região e a interactividade com as pessoas de Atenor, que emprestam as suas ideias e as suas casas, que é também muito importante e sem isso nunca resultaria desta forma”, considera. Características que fazem da “Ronda das Adegas” um evento de sucesso. A juntar ao artesanato ao vivo, houve ainda concertos, passeios de burro e actividades desportivas. 

Motivos mais do que suficientes para visitar Atenor neste fim-de-semana prolongado. Foi o que fizeram mais de 5 mil pessoas, de acordo com a organização da “Ronda das Adegas”. Escrito por Brigantia.