Lançamento da edição bilingue do livro 'O Lodo e as Estrelas'
2016/07/24
Lodo e as Estrelas", inicialmente publicado em 1960, é agora reeditado, em co-edição com a Câmara Municipal de Miranda do Douro, numa versão bilingue, "O Lodo e as Estrelas" (L Lhodo i las Streilhas), sendo a tradução para mirandês da autoria de Fracisco Niebro, pseudónimo de Amadeu Ferreira. A reedição foi apresentada no passado dia 15 de Julho no Salão Nobre da autarquia de Miranda do Douro.
Nas palavras de Amadeu Ferreira, redigidas em 2010, a obra “é um testemunho extraordinário que fala da língua mirandesa, da maneira como os barragistas faziam troça dos palhantros e da manifestação que os mirandeses, roubados no que era seu, fizeram em Vila Chã a gritar Num queremos acá la Barraige.”
“Falar de barragens é pensar em recursos energéticos mas o fundamental é…. o Homem. O homem pensou, projectou, trabalhou, fez obra e desenvolveu uma região, seu nome Miranda do Douro. Ler este livro deixa em mim dois registos: a dedicação do Padre Telmo Ferraz, ao descrever os “desfados” da vida e os registos reais dos que aqui viveram e trabalharam. Saliento o contributo do saudoso Amadeu Ferreira na tradução desta obra para língua mirandesa. Ele acreditou neste projecto. Uma palavra de gratidão a todos os que contribuíram para que estas estórias reais não sejam esquecidas", pode ler-se na contracapa da obra agora editada, num texto da autoria de do Presidente do Município de Miranda do Douro, Artur Nunes.
José Telmo Ferraz é padre e nascido (25.11.1925) em Bruçó, concelho de Mogadouro. Foi pároco na freguesia de Genísio (1951-1953) e depois nas de Vila Chã e Picote (1953-1956), ao tempo em que começava a ser construída uma barragem, passando depois para Miranda do Douro (1956) quando também aí começaram a construir a barragem. Depois seguiu para Angola (1959), quando começa a ser construída a barragem de Cambambe, voltando a Portugal depois de terminada a obra (Natal de 1962). Passado pouco tempo volta a Angola (1963), já na obra da Casa do Gaiato, criando a Casa de Malange, onde se mantém até 1975. Em 1980 é eleito principal responsável da Casa do Gaiato, voltando a Portugal e continuando a dar o seu trabalho à mesma obra.
Pela construção da barragem, Picote e as terras em volta converteram-se na meca de todos os deserdados e desprotegidos na procura de trabalho, sem família, sem abrigo, sem dinheiro, sem roupa, cansados das distâncias e os longos caminhos percorridos. A todos o padre Telmo recebeu e ajudou, incentivando-os a conseguir o seu abrigo e ajudando-os a encontrar trabalho. Em Miranda do Douro continuou o mesmo trabalho.
Desse período vem o seu livro de poemas O Lodo e as Estrelas (1960, edição de autor), onde mostra as marcas que lhe deixou na alma tudo o que se passava ao seu redor. O livro foi retirado do mercado pela censura do regime de Salazar. Foi publicada uma 2.ª edição em 1975 e uma 3.ª em 1985, pela Casa do Gaiato. Nunca deixou de escrever poemas, no jornal O Gaiato, sempre com a mesma sensibilidade e beleza.
Fracisco Niebro é um dos pseudónimos de Amadeu Ferreira (1950-2015). Foi presidente da ALCM (Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa) e da Academia de Letras de Trás-os-Montes, vice-presidente da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e professor convidado da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.
Autor e tradutor de uma vasta obra em português e em mirandês, também sob os pseudónimos Marcus Miranda e Fonso Roixo, traduziu Mensagem, de Fernando Pessoa, obras de Horácio, Virgílio e Catulo, Os Quatro Evangelhos e duas aventuras de Astérix.
Na Âncora Editora publicou as traduções para a língua mirandesa de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, e uma edição comemorativa dos 25 anos da adaptação daquela obra para banda desenhada por José Ruy, com quem também colaborou no álbum Mirandês – História de uma Língua e de um Povo, e correspondente versão em mirandês.
É autor de La Bouba de la Tenerie/Tempo de Fogo, primeiro romance publicado simultaneamente em mirandês e português, e das obras Norteando, com fotografias de Luís Borges, Ars Vivendi Ars Moriendi (poesia), Lhéngua Mirandesa – Manifesto an Modo de Hino/Língua Mirandesa – Manifesto em Forma de Hino, Ditos Dezideiros – Provérbios Mirandeses e Belheç/Velhice. As obras L’Eiternidade de las Yerbas/A Eternidade das Ervas [Poemas (e)scolhidos], com aguarelas de Manuol Bandarra, e O Fio das Lembranças – Biografia de Amadeu Ferreira, de Teresa Martins Marques, foram apresentados postumamente.
“Falar de barragens é pensar em recursos energéticos mas o fundamental é…. o Homem. O homem pensou, projectou, trabalhou, fez obra e desenvolveu uma região, seu nome Miranda do Douro. Ler este livro deixa em mim dois registos: a dedicação do Padre Telmo Ferraz, ao descrever os “desfados” da vida e os registos reais dos que aqui viveram e trabalharam. Saliento o contributo do saudoso Amadeu Ferreira na tradução desta obra para língua mirandesa. Ele acreditou neste projecto. Uma palavra de gratidão a todos os que contribuíram para que estas estórias reais não sejam esquecidas", pode ler-se na contracapa da obra agora editada, num texto da autoria de do Presidente do Município de Miranda do Douro, Artur Nunes.
José Telmo Ferraz é padre e nascido (25.11.1925) em Bruçó, concelho de Mogadouro. Foi pároco na freguesia de Genísio (1951-1953) e depois nas de Vila Chã e Picote (1953-1956), ao tempo em que começava a ser construída uma barragem, passando depois para Miranda do Douro (1956) quando também aí começaram a construir a barragem. Depois seguiu para Angola (1959), quando começa a ser construída a barragem de Cambambe, voltando a Portugal depois de terminada a obra (Natal de 1962). Passado pouco tempo volta a Angola (1963), já na obra da Casa do Gaiato, criando a Casa de Malange, onde se mantém até 1975. Em 1980 é eleito principal responsável da Casa do Gaiato, voltando a Portugal e continuando a dar o seu trabalho à mesma obra.
Desse período vem o seu livro de poemas O Lodo e as Estrelas (1960, edição de autor), onde mostra as marcas que lhe deixou na alma tudo o que se passava ao seu redor. O livro foi retirado do mercado pela censura do regime de Salazar. Foi publicada uma 2.ª edição em 1975 e uma 3.ª em 1985, pela Casa do Gaiato. Nunca deixou de escrever poemas, no jornal O Gaiato, sempre com a mesma sensibilidade e beleza.
Fracisco Niebro é um dos pseudónimos de Amadeu Ferreira (1950-2015). Foi presidente da ALCM (Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa) e da Academia de Letras de Trás-os-Montes, vice-presidente da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e professor convidado da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.
Autor e tradutor de uma vasta obra em português e em mirandês, também sob os pseudónimos Marcus Miranda e Fonso Roixo, traduziu Mensagem, de Fernando Pessoa, obras de Horácio, Virgílio e Catulo, Os Quatro Evangelhos e duas aventuras de Astérix.
É autor de La Bouba de la Tenerie/Tempo de Fogo, primeiro romance publicado simultaneamente em mirandês e português, e das obras Norteando, com fotografias de Luís Borges, Ars Vivendi Ars Moriendi (poesia), Lhéngua Mirandesa – Manifesto an Modo de Hino/Língua Mirandesa – Manifesto em Forma de Hino, Ditos Dezideiros – Provérbios Mirandeses e Belheç/Velhice. As obras L’Eiternidade de las Yerbas/A Eternidade das Ervas [Poemas (e)scolhidos], com aguarelas de Manuol Bandarra, e O Fio das Lembranças – Biografia de Amadeu Ferreira, de Teresa Martins Marques, foram apresentados postumamente.